Em tempos de isolamento social, causado pelo coronavírus, ter uma casa ganha um significado ainda mais importante. Especialistas garantem que manter o mercado imobiliário aquecido será essencial para recuperar a economia pós-pandemia. Diante deste cenário, construtoras e incorporadoras adotaram iniciativas que prometem revolucionar o setor, inclusive após a quarentena. Envolvem, por exemplo, a utilização de plataformas de vendas digitais, campanhas on-line para a divulgação de empreendimentos e novas estratégias para mostrar as unidades aos interessados.
As medidas buscam manter a retomada no ritmo de crescimento e compensar a proibição de abertura dos estandes aos clientes. Aliado a isso, a Caixa Econômica Federal disponibilizou, desde o início da crise, R$ 154 bilhões em recursos ao setor, para garantir a estabilidade operacional.
a MRV Engenharia, maior construtora de imóveis econômicos da América Latina, com receita líquida de R$ 6 bilhões em 2019, criou uma plataforma digital de vendas que dá às pessoas a possibilidade de comprar o imóvel remotamente e de forma segura. O sistema foi desenvolvido nos últimos dois anos, estava em testes em Minas Gerais, mas acabou adotado no restante do País em virtude da pandemia. Por meio dele, o cliente pode escolher o apartamento e fechar a transação pela internet, sem nenhum contato com o corretor. “A casa própria é o bem mais importante para este momento”, afirma Eduardo Fischer, que divide a presidência da companhia com o primo Rafael Menin, e responsável pelas estratégias de expansão da companhia em São Paulo e no Sul do Brasil. A empresa mineira registrou aumento de 60% na procura por imóvel na plataforma, após a criação de feirões on-line, e chegou a negociar uma unidade com um brasileiro residente em Kashiwa, no Japão.
Os descontos chegam a R$ 20 mil, dependendo da região no Brasil – a empresa atua em 22 estados. “É claro que uma coisa é a procura, outra é a venda. Mas o interesse continua crescente. Foi assim em março e na primeira quinzena deste mês”, diz o executivo. “Mas é impossível prever algo. O que eu falo hoje pode mudar em pouco tempo.” Fischer explica que os lançamentos de empreendimentos estão suspensos durante a quarentena, em decorrência da paralisação das atividades em muitas prefeituras e cartórios, responsáveis pelo andamento dos processos administrativos. A MRV chegou a interromper o trabalho em 20% das obras pelo País e tem adotado medidas restritivas para preservar a saúde dos seus 25 mil funcionários diretos. Além disso, aderiu ao Movimento Não Demita, que visa garantir estabilidade aos funcionários por dois meses, e doou R$ 10 milhões para a compra de respiradores para os hospitais de Minas Gerais, onde fica sua sede.