Ele nasceu em Belo Horizonte. Ainda criança, morou na Avenida Pasteur. Gosta de jogar tênis no fim de semana, de Bossa Nova e tem fama de ser exigente. Comanda um time de 27 mil funcionários e lidera o mercado de construção civil no segmento de imóveis para as classes média e baixa. Rubens Menin, fundador e diretor da MRV Engenharia, eleito o Engenheiro do Ano 2010, pela Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), é prático, jeitão simples, meio tímido, meio desconfiado e fala rápido, muito rápido.
Um dos mentores do Programa Minha Casa, Minha Vida, lançado em 2009 pelo governo federal, ele participou, a convite da então ministra da Casa Civil e atual presidente, Dilma Rousseff, do seleto grupo responsável pela elaboração do embrião do programa.
Em entrevista à Revista Ecológico, em seu escritório, na Avenida Raja Gabáglia, Menin faz um balanço das conquistas e desafios do setor e afirma que sua empresa – presente em mais de 90 cidades de 15 estados e no Distrito Federal e que lançou, ano passado, 46.975 unidades, um aumento de 78% em relação a 2009 – transforma seus resultados positivos em mais qualidade para os seus clientes. “Procuramos entregar mais do que vendemos. Nossas obras estão ficando cada dia melhores, com mais qualidade.”
Relembra a infância, quando jogava futebol na rua, e conta que herdou dos pais, ambos engenheiros, a paixão pela profissão. “A engenharia faz parte do meu DNA. Minha mãe foi a terceira engenheira de Minas Gerais. Ver uma obra ficando pronta me dá muito prazer. Gosto de acompanhar tudo, de sentir o cheiro das coisas. A engenharia é quase um divertimento para mim.”
É o que você confere a seguir:
Como a MRV tem atuado nas questões ligadas à responsabilidade ambiental? A construção civil é tida como um segmento marcado pelo desperdício e pelo consumo de recursos naturais.
Essa é uma balela que se consolidou, fazendo com que a construção civil seja vista como uma fazedora de lixo. Não é verdade. Ela é uma indústria pouco poluente e a maioria dos seus resíduos pode ser reaproveitada, reutilizada em novas construções. Esse índice de perda, que afirmam ser de até 30%, também não procede. No caso da MRV, considerando a questão da sustentabilidade, é importante destacar que um de nossos diferenciais é gostar muito de paisagismo. Este ano, plantamos milhares de árvores. Foram mais de 60 mil. Se você for a uma obra nossa hoje, e voltar em dois anos, verá um cenário totalmente diferente, renovado. Também só usamos madeira certificada e de procedência reconhecida.
A empresa atua na adoção de praças e apoia projetos sociais. Quais são as instituições e iniciativas beneficiadas?
Acreditamos que, quando atuamos e interferimos numa comunidade, temos de dar algo em troca. Toda obra causa impacto, inclusive sobre o trânsito, com a movimentação de caminhões, por exemplo. Para compensar, temos atuado na adoção e revitalização de praças, inclusive em Belo Horizonte. Outro projeto bacana que temos é o de combate à pichação. Incentivamos as comunidades a manterem os muros dos seus condomínios limpos e pintados. Afixamos placas nos muros e nos comprometemos publicamente a doar cestas básicas mensais para instituições assistenciais locais, desde que os muros se mantenham livres de pichações. Durante anos, ainda na gestão Célio de Castro e em parte da do (Fernando) Pimentel, na PBH, mantivemos o nosso primeiro grande projeto social, o MRV Vida. Por meio dele, instalamos um centro de atendimento, no Bairro Gameleira, e recebemos 12 mil crianças, oferecendo acesso a médicos, dentistas e psicólogos. O projeto era muito bom, mas exigia competências e responsabilidades muito grandes. Então, optamos por apoiar projetos sociais já estabelecidos e com competência reconhecida. Um deles é a Cidade dos Meninos.
O senhor se refere ao projeto da Sociedade São Vicente de Paulo, do Sistema Divina Providência, em Ribeirão das Neves?
Sim. Fazemos contribuições mensais ao projeto, que atende mais de cinco mil crianças carentes. Construímos, em parceria com nossos acionistas, dois edifícios – com seis apartamentos, dormitórios, suítes para pai ou mãe social, sala de estudos, banheiros, cozinha e área de serviço. A construção foi entregue em fevereiro de 2009, quando assumimos o compromisso de manter os edifícios e os 200 jovens que vão residir ali por cinco anos. Mais que aprender uma profissão, com direito à moradia, acesso à educação, alimentação de qualidade e à prática de esporte e atividades culturais, os adolescentes recebem orientação moral e humana. É uma iniciativa completa, resgata jovens que vivem num ambiente ruim, livrando-os da rua e das más influências. Quando voltam à sua origem, têm uma base sólida, inclusive religiosa. Sou católico e acredito que essa formação religiosa também é importante, em especial nessa fase da vida. Independentemente da religião, o importante é criar influência positiva. Apoiamos também os esportes: vôlei e futebol. Num primeiro momento, as ações eram voltadas para o desenvolvimento individual do jovem no esporte. Hoje, estão concentradas mais no marketing. O bom atleta é sempre referência, serve de imagem.
O lucro líquido da empresa cresceu 116% no semestre passado. Esses resultados têm se transformado em benefícios para quem compra seus imóveis?
Trabalhamos com diferentes públicos: clientes, funcionários, acionistas e a comunidade em geral, nossos stakeholders (partes interessadas) e procuramos atender todos eles. Os acionistas, pois somos uma empresa de capital aberto e quem investe quer retorno positivo; nossos funcionários – hoje são 27 mil – por meio de treinamento e dando oportunidade para que cresçam na empresa; e a sociedade, por meio da geração de empregos e apoio a projetos sociais. Em relação aos clientes, a grande maioria dos nossos produtos é para a classe média. Gente que está adquirindo o seu primeiro apartamento, o primeiro degrau. E encaramos isso com toda tranquilidade, porque sempre procuramos entregar mais do que vendemos. Nossas obras estão ficando cada vez melhores, com mais qualidade. E temos podido fazer isso porque a empresa está crescendo. Temos conseguido entregar mais e com preço melhor. Para nós, lucro é o equilíbrio da satisfação entre todos os públicos que temos de atender.
Mas, na prática, como a empresa tem aliado preço e qualidade aos seus empreendimentos?
Apostando e investindo em eficiência. Nosso preço médio de venda de um apartamento é R$ 100 mil. Considero esse apartamento muito digno: é durável, bem acabado e, atualmente, tem melhorias não oferecidas no passado, como paisagismo, lazer interno, espaço gourmet e também mais segurança. Estamos agregando qualidade de vida aos nossos produtos. A cada linha lançada procuramos inovar.
Considerando a economia de energia, os imóveis MRV têm sistema de captação solar?
Muito pouco ainda. Se eu fosse presidente da República tornaria obrigatório o uso da energia solar nas construções. Hoje, isso ainda é um problema, porque encarece a obra e não conseguimos absorver esse custo sem repassá-lo na venda. Mas se todo o setor fosse obrigado por lei, aí sim seria competitivo. Só a título de comparação: é obrigatória a instalação de sistema de prevenção de incêndio. Todas as nossas obras têm e, felizmente, nunca houve um incêndio em prédio nosso. Então, hoje se gasta muito mais em prevenção de incêndio do que com energia solar. O mesmo ocorre com a água. A exigência de instalação de medidores individuais deixa a construção mais cara, mas sou favorável a ela. Instalamos medidores em todos os nossos empreendimentos, ação que reduz o consumo mensal de água do condomínio em até 50%. Quando o gasto é coletivo, ninguém controla, há muita perda. Quando sai do bolso de quem realmente consume, todos se empenham em economizar.
Como um dos mentores do programa Minha Casa, Minha Vida, qual é, em sua visão, o papel da construção civil?
Esse programa surgiu no momento mais propício possível. Estávamos no meio daquela crise mundial, em 2008, um ano muito pesado, inclusive para o nosso setor. Integrei um grupo de representantes de sete empresas que ajudaram a definir as bases do programa. Para mim, essa decisão de ouvir, de dialogar e buscar a experiência do mercado demonstrou sabedoria por parte do governo. Foi um trabalho intenso, de mais de três meses de dedicação e afirmo que o Minha Casa mudou a vida da construção civil brasileira. Mais que incentivar a indústria numa época ruim, garantiu facilidades para a compra da casa própria, beneficiando o cidadão. A construção civil tem um lado importante, que é o econômico-social. À medida que você melhora as condições de moradia, tira as pessoas da favela, das áreas de risco, também as afasta da violência, da insegurança, ou seja, é muito mais que ter casa própria: é garantir qualidade de vida, dignidade. O governo queria fazer isso, juntou experiência e conhecimento e deu certo. Mas é preciso avançar, pois ainda temos um elevado déficit de moradias no país.
Qual é, para o senhor, o sinônimo de conforto, de qualidade de vida? Há um padrão de moradia que o atenda todas as classes e esteja ao alcance do cidadão comum?
Infelizmente, o que é bom para nós nem sempre está ao nosso alcance. Nos grandes centros em que vivemos, enfrentamos problemas seríssimos, principalmente de mobilidade. Veja o exemplo de Belo Horizonte, com as motocicletas: há mais de um milhão circulando pela cidade. Uma frota dessas inviabiliza qualquer trânsito, não tem jeito. Mas temos de morar aqui, não há saída. Por isso, digo que a qualidade de vida numa cidade grande como a nossa nunca é ideal, como foi no passado.
Por quê?
Nasci aqui e morei na Avenida Pasteur, na Região Hospitalar. Em frente à minha casa havia uma pracinha, brincávamos e jogávamos bola na rua. Era seguro, tranquilo, as portas nem eram trancadas. Todos os vizinhos se conheciam, éramos amigos e tínhamos um time de futebol. Certa vez, fomos a pé até a Rua dos Caetés, no Centro, comprar camisas e escudos. Isso quando eu tinha sete, oito anos de idade. Que menino dessa idade pode fazer isso hoje? A vida mudou. Moro num apartamento confortável, muito gostoso (no Belvedere), mas com certeza não é o meu ideal de vida. Meu pai tinha um sítio e meus filhos aproveitaram muito. Agora, estou construindo uma casa de campo, para passar os fins de semana com os meus netos. Infelizmente, não tenho como morar lá. Mas, apesar de tudo, Belo Horizonte ainda é uma das melhores cidades para se viver no Brasil.
Seus pais eram engenheiros, o senhor tem irmãos e filhos que abraçaram a profissão. É uma paixão familiar?
A engenharia faz parte do meu DNA. Minha mãe foi a terceira profissional de Minas Gerais: Maura Menin Teixeira de Souza. Tenho três irmãos, dois deles engenheiros como eu. Dos meus três filhos, dois são engenheiros e, o outro, advogado: todos trabalham na empresa e isso é muito bacana. Desde menino acompanhava meu pai e sinto prazer em trabalhar. Tenho 55 anos (completados mês passado) e se você dissesse que teria de parar de trabalhar amanhã, ficaria triste, chateado. Engenharia é construir e gosto disso, de ver uma obra ficando pronta. É quase um divertimento para mim. Apesar dos muitos problemas que temos de administrar no dia a dia acordo animado, porque faço o que gosto.
Quais são seus planos para o futuro? O que ainda falta conquistar?
Graças a Deus, tenho tudo o que quero e desejo apenas que as coisas não piorem. Quero que se mantenham como estão: construí uma empresa, tenho minha família e meus amigos. Desejo que a MRV continue sendo uma empresa de ponta, que a minha família siga com saúde, em paz e que eu possa manter as boas amizades. Para coroar tudo isso, torço para que o Brasil melhore. Há 20 anos, sinceramente, achava que o país não decolaria. Hoje, sei que ele é viável, apesar de ainda ter de avançar em muitos aspectos. No que diz respeito à sustentabilidade e maior conscientização ambiental, já evoluímos bastante. O desafio, agora, é consertar os erros do passado, pelos quais estamos pagando um preço alto. Hoje, já não se concebe mais um empreendimento que cause danos ambientais, gere poluição. Essa consciência existe. Daqui para frente, as coisas vão ser cada vez melhores.
Fonte: Revista Ecológico
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